O mês de setembro foi um dos mais chuvosos dos últimos anos em Santa Maria, com total acumulado de 454 mm. Entretanto, infelizmente a maior parte dessa água não ficou acumulada nos rios e reservatórios da região. Dessa maneira, perdemos mais uma grande chance de termos água estocada para os períodos de déficit hídrico.
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Opinião do especialista
O meu grande amigo professor Alexandre Swarowsky, que é o atual presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos Rios Vacacacaí e Vacacaí-Mirim, sempre fala que o problema da água no nosso Estado não está relacionado à falta de chuvas, mas sim à falta de planejamento do seu uso e, principalmente, do armazenamento da água nos períodos de chuva.
Manual de uso
Ainda segundo o Professor Alexandre, o que falta é um “manual de instruções para gestão da água”, o que concordo plenamente, pois se tivéssemos mais barragens e açudes para armazenamento, certamente nossos problemas nos anos de escassez hídrica seriam minimizados.
Plano de bacia hidrográfica
Uma solução para melhorar o uso da água seria a aprovação do plano da nossa bacia hidrográfica. Entretanto, a elaboração desse plano já se estende por mais de 5 anos e ainda falta a etapa do plano de ações e enquadramentos. Atualmente, o principal entrave é a falta de comprometimento de alguns órgãos envolvidos no processo. Sendo que fica claro que ainda faltam políticas públicas de uso da água em nível regional, estadual e nacional.
Consequências nas culturas agrícolas
Todo esse volume de chuva acabou causando prejuízos em diversas culturas agrícolas. A cultura do milho teve vários atrasos na semeadura, devido à impossibilidade de entrada em diversas áreas. Além disso, quando da maior umidade e molhamento das folhas, temos um ambiente mais favorável ao surgimento de doenças.
Doenças no trigo
A cultura do trigo tradicionalmente já necessita de um cuidado maior com a questão de doenças. Este ano especialmente, temos tido um aumento na incidência e severidade de todas as doenças na cultura, com destaque especial para Giberela, que é uma doença já bem conhecida pelos triticultores, mas sempre temida.
Produtividade e qualidade
Nas lavouras da região, o número de aplicações para controle de doenças em trigo varia de 3 a 5 aplicações. Todavia, o excesso de chuva, além de favorecer a doença, também muitas vezes atrasa as aplicações, sendo mais um desafio para a produtividade e qualidade da produção. Temos relatos de algumas lavouras colhidas na Fronteira Noroeste que tiveram cargas recebidas por cooperativas classificadas como triguilho (pH abaixo de 7,2) e valor de venda de R$ 30 a saca de 60 kg.